domingo, 1 de novembro de 2009

MANOEL DE BARROS

POEMA

A poesia está guardada nas palavras _ é tudo que eu sei.
Meu fado é o de não saber quase tudo.
Sobre o nada eu tenho profundidades.
Não tenho conexões com a realidade.
Poderoso para mim não é aquele que descobre ouro.
Para mim poderoso é aquele que descobre as
insignificâncias (do mundo e as nossas).
Por essa pequena setença me elogiam de imbecil.
Fiquei emocionado e chorei.
Sou fraco para elogios.

Barros, Manoel de. Tratado Geral das Grandezas do ínfimo, p. 19.

Manoel Wenceslau Leite de Barros. Poeta. Passa parte da infância em Corumbá, Mato Grosso do Sul, no Pantanal Mato-Grossense, fato que marca toda sua obra poética.
Com 8 anos, vai estudar em colégios internos de Campo Grande e depois no Rio de Janeiro. Entre 1935 e 1937 atua como membro da Juventude Comunista, mas abandona o partido, decepcionado com o líder Luís Carlos Prestes. Em 1937, estréia com o livro Poemas Concebidos em Pecado, edição artesanal, e desde então passa a publicar com regularidade. Em 2001 com O Fazedor de Amanhecer, infantil, ganha o prêmio Jabuti de livro do ano de ficção e em 2006, recebe o Prêmio Nestlé por Poemas Rupestres.

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